Diário de Campo- EDUCAÇÃO INCLUSIVA - A LEI E O DIA A DIA NA ESCOLA

Resumo: Este diário de campo, objetiva observar, o desafio da inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, no sistema de ensino regular, verificar se está sendo cumprido o que determina a lei de inclusão, datada de 06 de julho de 2015, e seu desenvolvimento focada na pedagogia centrada na diversidade.
Comecei minha pesquisa no dia 08 de março de 2018, junto a uma Escola Estadual, localizada num bairro populoso em Indaiatuba, SP, com  uma comunidade diversificada, sendo em sua maioria, pessoas de famílias de baixa renda.
A Escola é considerada de grande porte, com três turnos de aula e uma média de 1.300 alunos.
Em um dos intervalos de aula encontrei uma professora pedagoga de apoio  que acompanha um aluno com DI (Deficiência Intelectual).
Ela estava montando o caderno de atividades já realizadas por ele, para encaminhamento a sua supervisora. Nesse quesito, a escola está cumprindo o que diz a lei no artigo 28, parágrafo XI que diz:

“XI - formação e disponibilização de professores para o atendimento educacional especializado, de tradutores e intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de profissionais de apoio.”  
 Fiz uma rápida entrevista sendo informada, pela professora auxiliar, que o mesmo apresenta alto desenvolvimento nas atividades.
Em sala de aula, ela auxilia o aluno na confecção das tarefas, ajudando assim no bom andamento das aulas, não somente para ele, mas para com todos os alunos, fazendo com que seu comportamento seja semelhante aos demais.
Perguntei como são preparadas as atividades, e me respondeu que é através de pesquisas, e que ela mesma procura reunir o máximo de atividades, que irão ajudá-lo na aprendizagem, e também assim estará auxiliando o professor em sala de aula.
A professora informou também, que todas as tarefas são documentadas, para posterior envio a Secretaria da Educação, para acompanhamento.
No dia 09 de março estive com a coordenadora da escola e fiz algumas perguntas sobre a inclusão de alunos na escola.
Segundo ela, a escola possui 16 alunos inclusos, tendo uma cuidadora, duas professoras auxiliares e duas interpretes de Libras, e frisou que o período da tarde é onde se encontram a maioria desses alunos. Informou que é feita uma adaptação curricular pelos próprios professores, e a escola aplica o anexo 3 da lei de inclusão, que diz:

“Projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado, assim como os demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às características dos estudantes com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua autonomia.”

A coordenadora informou também, que é feita uma reunião com os pais desses alunos, juntamente com todos os professores antes do início das aulas, informando-os de como será feito o trabalho, e também, que o boletim escolar, é igual ao de todos os demais alunos, e que os mesmos são incluídos em todas as atividades extracurriculares, como teatro, dança, desde que o aluno esteja em condições de exercer as atividades propostas, porque esses alunos, tem seus próprios ritmos de aprendizagem e de locomoção.
 Os alunos assistem a vídeo aulas, tem tarefas de casa, são tratados como qualquer outro aluno, e quando apresentam um comportamento diferente ao usual, os pais são informados, para que haja esclarecimentos a respeito.
 Fui dar uma volta pela escola, e vi que a unidade escolar fez as adaptações necessárias, como informa o anexo 3, como rampa de acesso, banheiros adaptados, corrimão, e encontrei com a cuidadora, e fiz algumas perguntas.
Ela contou-me que cuida de três crianças: uma cadeirante, um com DI (Deficiência Intelectual) e de uma menina com paralisia cerebral de grau baixo.
Disse que são preenchidos relatórios diários que são enviados para a Secretaria da Educação.
Perguntei quais as dificuldades, e ela disse que são as pias, localizadas no pátio, que são altas para eles e também nos banheiros, uma vez que não possuem o mesário para fazer a troca.
Outro problema que foi constatado é de que durante as férias, se não houver a participação dos pais, para que as atividades sejam feitas e incentivadas, o aluno com DI se esquece do que foi aprendido.
A participação dos pais, da sociedade, da família, da comunidade escolar e principalmente do Estado, é imprescindível, para que seja assegurada uma educação de qualidade, evitando o aluno de todos os constrangimentos, e exclusão, todos devem se comunicar entre si, segundo a lei:

“Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e discriminação.“


Também observei o trabalho das interpretes de Libras, e conversei com a professora intérprete, que atende a dois alunos. Ela está nesta profissão a cinco anos, e diz que faz formação contínua para poder atendê-los melhor.
Segundo informou, cada aluno frequenta a sua própria série, e comentou que antes dessa lei, os alunos ficavam todos juntos na mesma sala.
Disse também que seu contato com os pais é constante, que são informados dos tratamentos dados, deixando-os informados que os tratamentos são idênticos a todos os alunos da unidade escolar, e que os alunos aprendem a importância dos limites e regras.
Ainda segundo ela, a escola atende a todos os tipos de deficiências, o que antes era feita pela APAE foi repassado para as escolas.
A maior dificuldade da escola e dos professores para aplicarem a lei, é a falta de uma formação continuada, excesso de trabalho e falta de um cronograma para montar um plano de aula específico, aliada com a escassez de funcionários, falta de investimentos por parte do Estado, em aquisição de materiais didáticos, reforma na estrutura dos prédios, uma vez que o número de alunos com necessidades educacionais especiais é considerado, baixo.
A educação inclusiva é produto de realidades educacionais de uma época contemporânea que exige o abandono de preconceitos e estereótipos.
 É destinada à criança com deficiência física, ao superdotado, ao que apresenta comprometimento mental, enfim a todos aqueles que são discriminados por qualquer motivo. 
Senti um esforço por parte da comunidade escolar, em cumprir o que se pede a lei, mas também em proporcionar um ambiente acolhedor e seguro para os alunos.





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